terça-feira, 16 de outubro de 2012

Mulher

Mulher é sexta-feira. Cheia de entusiasmo e ansiedade, reclama dos dias, mas adora as horas vividas. Faz pose de final de semana, sai e balança a cabeleira pra si mesma. Põe salto alto pra aumentar a bunda e encolher a barriguinha. Rebola com as amigas e faz o tempo parar quando passa na frente dos marmanjos. Sai só pra dançar (ou não), bebe destilados ou cerveja com a delicadeza de Vênus e olha para as estrelas com ar de diva.

Com um sorriso no rosto reclama do ex e enobrece o atual. Chora de saudades da infância e da comida da mãe. Mas mulher que faz pose de boazinha demais, santinha demais, tem o zap na manga. Pode acordar, abre o olho, rapaz, ninguém é tão santa, nem tão demônio quanto aparenta. Até porque, como dizem, mulheres boazinhas não enriquecem!

Mulher é pimenta. O cheiro pode parecer bom, mas se não souber a quantidade certa, a intensidade e o jeito, sai chorando. Não que sejamos estrategicamente feitas para arder a vida, é que o intervalo entre a doçura e a explosão por fissão é a 'pimentude' feminina. O levantar de uma sobrancelha, o passo mais forte, os dentes cerrados e barulhentos, os olhos de prazer ou de ódio, os extremos vivendo em uma só.

Mulher é peça única. Mulher igual só por fabricação em série e mesmo assim sai com defeitos diversos. Somos e admitimos ser milimetramente defeituosas, cheias de pontas duplas e rímel borrado. Mas cada uma tem o gosto, o jeito, a qualidade, a especialidade de demonstrar o olhar exato no momento certo (ou não).

Homem adora mulher de bem com a vida. Homem adora sexta-feira, cerveja e mulher. E mulher adora ser quem é, sexta-feira da paixão.
Thaty Hamada

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